Max Verstappen Exposto: Quando o Campeão Age Como um Adolescente
Um olhar direto sobre o comportamento antidesportivo no GP da Espanha de ontem.
Esta edição de O PSICONAUTA não estava prevista, mas já que F1 faz parte do meu dia a dia, com o programa Pit Stop Experience que traz os aprendizados da F1 para as organizações, não pude deixar de me manifestar depois dos acontecimentos de ontem.
1º de junho de 2025, GP da Espanha. Verstappen recebe ordem para devolver a posição. Responde não fazendo a curva e deixando o carro colidir com George Russell. Não foi erro de cálculo, não foi mal-entendido. Foi agressividade tola, com volante na mão. Um ato infantil, explícito, registrado por todos — equipe, câmeras, paddock.
Max Verstappen ficou furioso depois de um reinício caótico do Safety Car, numa disputa primeiro com Charles Leclerc, em plena reta e depois numa disputa ferrenha com George Russell que já tinha colocado o carro à frente. Faltavam 5 voltas para o final da corrida. A Red Bull pediu que Max devolvesse a posição. Ele ignorou, deu a impressão que ia ceder e logo depois, jogou o carro em cima do Mercedes.Não foi um movimento de defesa. Foi birra com consequência.
Aos 27 anos, quatro vezes campeão do mundo, Max tem o currículo de um veterano e o comportamento de um adolescente mimado. Quando não lidera, perde o controle. Quando alguém o desafia, interpreta como ameaça pessoal.
Quando pressionado, reage com destruição, não com inteligência, típico comportamento de adolescente entediado. Quando não lidera, surta. Quando contrariado, ataca. Quando pressionado, desmonta. Não estamos falando de um deslize. Estamos falando de um padrão.
Esse artigo não é só sobre Verstappen. É também sobre o ambiente que o moldou.
A equipe Red Bull criou esse comportamento. Desde cedo, blindou Verstappen de críticas, relativizou seus excessos, premiou impulsividade como se fosse instinto de campeão. Venceu corridas, empilhou títulos, mas educou um piloto sem freios internos. Dentro da equipe, a cultura é simples: resultados acima de tudo. Inclusive do caráter.
Christian Horner e companhia sempre souberam com quem estavam lidando. Alimentaram o monstro enquanto ele vencia. Virou o tipo de campeão que se comporta como se o mundo devesse algo a ele. E quando o mundo diz “não”, ele bate o carro.
O problema não é só dele, mas de um sistema que premia performance e ignora caráter. Verstappen virou símbolo de um talento que atropela o respeito, de um sucesso que dispensa ética. A Fórmula 1, ao tolerar isso, também se apequena.
A Red Bull opera como algumas empresas do mundo corporativo: agressiva, hierárquica, viciada em performance. Valoriza o brilho individual, desde que traga troféus. Não há espaço para vulnerabilidade, autocrítica ou humildade. Um ambiente onde errar é sinal de fraqueza, e quem confronta é descartável.
É nesse terreno que Verstappen floresceu. Um solo fértil para o talento bruto, mas tóxico para qualquer tentativa de maturidade.
O resultado está aí e um padrão fica claro. Verstappen sempre foi agressivo, mas algo mudou. Quando não está liderando, vira outra pessoa. A máscara do profissional cai e aparece o moleque mal-educado.
Toda vez que perde o controle da corrida, perde o controle de si mesmo.A Red Bull criou um campeão. E um problema. Agora tem que escolher o que vai sustentar. Porque manter esse comportamento intocável não é coragem, é covardia.
Sim, outros campeões erraram. Senna, Schumacher, Alonso. Mas todos mostraram alguma evolução. Verstappen parece estacionado num loop emocional — a diferença é que agora o mundo inteiro está assistindo.
Senna era feroz, mas respeitava o esporte. Schumacher era implacável, mas tinha alguma classe. Verstappen? Tem apenas títulos.
O comportamento dele espelha o que muita gente vive fora das pistas: o líder carismático, mas tóxico. O executivo genial que brilha nos números, mas sabota o time quando é contrariado. O gestor que exige lealdade cega, mas nunca presta contas. Que trata colaboradores como peças descartáveis, explode em sala de reunião e depois diz que “é só pressão”.
Verstappen, hoje, é o retrato disso. Um talento real, mas deseducado. Uma força que se recusa a amadurecer. Um símbolo do que acontece quando competência se sobrepõe sistematicamente à responsabilidade.
A pergunta, agora, não é se ele vai ganhar o próximo campeonato. É se ele vai entender, algum dia, que ganhar não basta. Porque no final, o que define um campeão — em qualquer arena — não é só a capacidade de vencer, mas o que ele faz quando a vitória não vem. E aí, não basta ser rápido. É preciso ser grande.
Para que Verstappen ou qualquer líder que confunde força com imposição evolua de fato, não basta uma conversa motivacional ou uma reprimenda pública. É preciso um processo sério de apoio, sustentado por alguém que tenha coragem de confrontar sem bajular, e por uma equipe que pare de premiar comportamento tóxico só porque vem embalado em resultados. Maturidade emocional se constrói com espelho, atrito e propósito. lsso exige tempo, compromisso e um ambiente que não terceiriza responsabilidade.
Verstappen pode continuar vencendo. A questão é: a que custo? Ganhar, por si só, nunca foi sinônimo de grandeza. Se tudo o que restar no final for a velocidade sem ética, sem autoconsciência, sem limite, então talvez o que estamos chamando de “campeão” seja só um bom piloto com uma péssima bússola interna.
A grandeza não está em vencer sempre. Está em como você reage quando não vence.
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