Muito Além da Performance
Flow como clareza, presença e ação sem excesso — a proposta de "Antes do Pensar"
Em Antes do Pensar: Consciência e estado de flow como caminho para criar com leveza e autenticidade, Cadu Lemos nos conduz por um território pouco cartografado no mundo da criação, da liderança e da vida contemporânea: o espaço anterior à lógica, à estratégia e à performance. O livro habita a borda onde o pensamento cede lugar à percepção direta, onde a Consciência viva observa antes de agir.
Mais do que um livro sobre flow, este é um livro que se move a partir do flow. Há ritmo, escuta e organicidade em cada linha. Não se trata de um manual, nem de um compêndio de métodos. É uma travessia feita de pausas, cortes, retomadas e silêncios que espelham o gesto de quem escreve desde a inteireza, não desde a performance.
Como o próprio autor afirma:
“Flow aqui não é técnica.
É clareza que brota quando o pensamento já não ocupa tudo.
É presença sem tensão. Ação sem excesso.”
Vivemos em um tempo onde pensar virou obrigação, produzir se tornou sinônimo de valor, e o silêncio - quando acontece - parece um erro de sistema. É justamente nesse cenário que Antes do Pensar surge como um respiro necessário.
Neste livro, Cadu Lemos nos convida a atravessar o ruído do pensamento automático para acessar um espaço mais profundo de presença e criação. O flow, conceito muitas vezes tratado apenas sob a ótica da performance, nos esportes e nas empresas, aqui ganha nova densidade: não como técnica de produtividade, mas como estado natural da Consciência, um lugar onde o fazer se dissolve no ser, e a clareza emerge sem esforço.
Com linguagem fluida, tom humano e uma costura fina entre vivência, reflexão e prática, o autor compartilha suas próprias transições como mentor, criador e facilitador de processos de transformação. Cada capítulo funciona como uma pausa que abre espaço para o leitor se perceber — não como peça do sistema, mas como presença viva, capaz de criar a partir de si, com verdade.
Antes do Pensar não traz respostas prontas. Em vez disso, oferece um território fértil para quem está em busca de leveza sem superficialidade, autenticidade sem rigidez e potência criativa sem desgaste.
As 3 principais abordagens do livro:
Parte 1 – Consciência
Essa primeira seção é o alicerce do livro. Cadu Lemos propõe uma desaceleração radical para que o leitor comece a perceber aquilo que opera antes do pensar.
Aqui, a Consciência é tratada não como objeto de estudo, mas como campo de presença, uma instância viva, anterior à mente racional, que sustenta a clareza real.
É nessa parte que o autor convida à escuta profunda do corpo, das emoções e do silêncio. Há uma desconstrução suave, porém firme, das lógicas de controle, esforço e identidade que sustentam o modo automático de viver. É o momento da abertura.
“A Consciência não está no pensamento. Ela antecede. Observa. Sabe, sem precisar nomear.”
Parte 2 – Flow Individual
Com a base da Consciência estabelecida, o livro mergulha agora no flow como vivência pessoal.
Aqui, o foco está em reconhecer os estados de flow como expressão direta da presença — não como picos de performance, mas como alinhamento natural entre atenção, corpo, clareza e ação.
Cadu compartilha práticas, reflexões e experiências que mostram como acessar esse estado no cotidiano, especialmente em contextos criativos e decisórios. Há um convite à entrega, ao gesto sem tensão, à criação que surge quando o “eu” deixa de atrapalhar.
“Flow é o momento em que o fazer se dissolve no ser. Onde a ação brota de um lugar silencioso, anterior à vontade.”
Essa seção é uma travessia íntima, do esforço para a espontaneidade.
Parte 3 – Flow Coletivo
Na parte final, o olhar se amplia.
Depois de acessar a consciência e o flow individual, Cadu aponta para o impacto relacional e coletivo desse estado. Aqui, o flow é visto como campo compartilhado — uma possibilidade de transformação nas relações, nos times, nas organizações.
Essa parte do livro dialoga especialmente com líderes, facilitadores, empreendedores e pessoas que ocupam lugares de influência. O flow coletivo é tratado como uma ecologia viva que depende de segurança, escuta, confiança e presença.
Mais do que uma proposta de gestão, é uma mudança de consciência aplicada ao convívio.
“Flow coletivo acontece quando o grupo silencia o ruído dos egos e se alinha ao que quer nascer naquele momento, através de todos.”
Um alerta
Ao final do livro, Cadu Lemos faz um movimento essencial — rompe com a expectativa de que o flow possa ser transformado em um atalho para produtividade, performance ou sucesso. Ele aponta, com clareza e firmeza, para o risco de instrumentalizar o flow, reduzindo-o a uma técnica de alto rendimento ou a um estado a ser manipulado a favor do ego.
É um alerta direto à lógica da eficiência que, mesmo nas linguagens do bem-estar e da consciência, ainda opera de forma sutil: buscando controlar o incontrolável, produzir estados, garantir experiências, otimizar a alma (e os números...)
“Flow não é um lugar onde se chega, é um lugar que se permite.”
“Quando se tenta provocar o flow, ele já não é mais flow — é estratégia disfarçada de presença.”
Cadu mostra que o flow não pode ser domesticado. Quando tentamos encaixá-lo em agendas, frameworks ou ferramentas de gestão organizacional e emocional, ele se desfaz — porque exige rendição, escuta, entrega. Ele só acontece quando o ego se retira da frente.
O alerta também denuncia a superficialização do discurso do flow: quando ele é usado como chavão publicitário, como promessa de alta performance sem dor, ou como produto para um mercado que quer tudo — até a transcendência — ao alcance de um clique.
Essa crítica não é reativa, mas pedagógica e ética. Ela devolve o flow ao seu lugar de origem: um estado natural, espontâneo, incontrolável, que brota quando há espaço interior e presença real. Um estado universal que pode ser alcançado por todos.
O livro termina, portanto, não com uma técnica ou uma fórmula, mas com um convite maduro:
Que o leitor não use o flow para fugir de si, mas para voltar a si — sem manipular o processo, sem reduzir a experiência à promessa de desempenho.
Esse último gesto de Antes do Pensar é, talvez, o mais radical de todos:
não vender o flow.
Não colocá-lo a serviço da velha lógica com uma nova embalagem.
É uma escolha rara. E profundamente coerente com tudo o que o livro sustenta desde a primeira página.
Um livro que desarma a lógica da performance e revela o poder da Consciência desperta. Em tempos de excesso, Cadu Lemos nos oferece um livro que respira.
E convida o leitor a respirar junto.
LANÇAMENTO:
Dia 30 de Junho, segunda feira, a partir das 18 horas na Drummond Livraria do Conjunto Nacional - Avenida Paulista.