Hoje assistimos a mais um capítulo da escalada de tensões no Oriente Médio, com os ataques americanos a instalações nucleares iranianas. Diante desses eventos, me vem à mente uma reflexão profunda de Jiddu Krishnamurti em “The Book of Life” (1995):
“O ódio não é oposto ao amor; é a ausência do amor. E essa ausência surge quando a mente está ocupada com a ideologia, com conceitos sobre o que deveria ser, ao invés de compreender o que é.”
Krishnamurti ensina que o ódio nasce da fragmentação, da ilusão da separação, quando dividimos o mundo em “nós” contra “eles”, quando nossa identidade se constrói em oposição ao outro. Cada nação, cada grupo, cada indivíduo que se vê como separado e superior, planta as sementes da violência.
O filósofo indiano observava que “a violência não é apenas matar outro; é também estar separado do outro”. Quando vemos instalações nucleares sendo atacadas, quando observamos a escalada de conflitos que já resultaram em centenas de vítimas, estamos testemunhando não apenas uma disputa geopolítica, mas a manifestação externa de uma fragmentação interna da consciência humana.
O verdadeiro problema não está nas armas ou nos territórios - está na mente condicionada que perpetua a divisão. Krishnamurti questionava: “Por que continuamos criando inimigos? Por que nossa segurança depende da insegurança do outro?”
Enquanto líderes e nações permanecerem presos a ideologias nacionalistas, religiosas ou econômicas que exigem a subjugação ou destruição do “inimigo”, estaremos condenados a repetir estes ciclos de violência.
A paz verdadeira não vem de acordos ou tratados - embora estes sejam necessários. Vem da transformação radical da consciência humana, do fim da identificação com o limitado, do fim da necessidade psicológica de ter inimigos para se sentir seguro.
Como indivíduos e como sociedade, podemos começar questionando nossas próprias divisões internas, nossos preconceitos, nossa necessidade de estar “certo” contra um “outro” que deve estar “errado”.
O ódio só cessa quando compreendemos sua origem: nossa própria resistência a ver a humanidade como uma só.
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